“Maria do Rosário Palma Ramalho e a intenção do Executivo PSD/CDS-PP de
rever direitos como o horário flexível parental, o direito à amamentação
prolongada e os dias de luto gestacional. Estas medidas configuram um «regresso
ao tempo de má memória da troika» e representam «uma tentativa de desumanização
das relações laborais».”
segunda-feira, 4 de agosto de 2025
Esta gaja e os seus mandantes
domingo, 3 de agosto de 2025
António Filipe (o Outro)
Ontem tive a oportunidade de visitar a exposição "Venham Mais Cinco", em Almada, da curadoria de Sérgio Tréfaut, que nos acompanhou na visita e a quem agradeço.
A exposição conta com centenas de
imagens únicas de um período decisivo da história de Portugal, o 25 de Abril,
quando vários fotógrafos estrangeiros vieram capturar o processo revolucionário
português.
sexta-feira, 1 de agosto de 2025
Emigrantes imigrantes
O DISCURSO DE ÓDIO
E IMIGRAÇÃO EM PORTUGAL
Os nossos emigrantes, agora imigrantes onde residem e trabalham, vêm de
férias e, cruzam-se com imigrantes na sua pátria onde as sondagens mostram que o discurso de ódio contra imigrantes está mais forte em
Portugal.
Cretinos sempre os houve, não lhes levo a mal, é sua condição, mas a muitos outros que com eles se confundem, peço-lhes que façam um mínimo esforço para refletir sobre a escória que elegeram na última eleição para Assembleia da República.
“ Portugal é hoje o país da União Europeia com mais emigrantes em proporção da população residente. O número de emigrantes portugueses supera os dois milhões, o que significa que mais de 20% dos portugueses vive fora do país em que nasceu.
· Entre 2010 e 2013, o número
de saídas de Portugal cresceu mais de 50%. Entre 2013 e 2014, a emigração
estabilizou em torno das 110 mil pessoas por ano. É preciso recuar a 1973 para
se encontrar valores para a emigração desta ordem de grandeza.
· O Reino Unido é hoje o país
para onde emigram mais portugueses: 30 mil em 2013, 31 mil em 2014. Seguem-se,
como principais destinos dos fluxos, a Suíça (20 mil em 2013), a França (18 mil
em 2012) e a Alemanha (10 mil em 2014). Fora da Europa, os principais países de
destino da emigração portuguesa integram o espaço da CPLP: Angola (5 mil em
2014, 6.º país de destino), Moçambique (4 mil em 2013, 9.º país de destino) e
Brasil (2 mil em 2014, 11.º país de destino).
A França continua a ser o país do mundo onde vivem mais emigrantes portugueses (592,281 em 2011), mesmo não sendo aquele para onde hoje se dirigem mais emigrantes portugueses. A Suíça surge em segundo lugar, com mais de 210 mil emigrantes portugueses (211,451 em 2013). Ainda com mais de 100 mil emigrantes portugueses residentes encontramos, por ordem decrescente, os EUA (177 mil em 2014), Canadá (140 mil em 2011), Brasil (138 mil em 2010), Espanha (117 mil em 2014), Alemanha (107 mil em 2014) e Reino Unido (107 mil em 2013).”
quarta-feira, 30 de julho de 2025
O "outro" candidato
AINDA ESTAMOS A TEMPO
O tempo político e social que vivemos não está
para tibiezas, nem para meias-palavras. Não está para subtilezas partidárias,
achismos inócuos, gestos anódinos. Não está para ajustes de contas, calculismos
ou perceções de superfície. O quadro que está diante dos nossos olhos e o
espaço onde decorrem as nossas vidas exige hoje, mais do que nunca, que não
desperdicemos uma só hipótese que seja de contribuir para a saúde da nossa
democracia e para inverter a situação de cedência colectiva ao pólo
anti-democrático. Basta de critérios pequenos para se enfrentarem problemas
grandes.
Quem se considera de esquerda e democrata, seja
comunista ou não comunista, passou a ter, desde anteontem, um “alívio” no que
toca às próximas presidenciais. É este mesmo o sentimento já manifestado e
partilhado por muita gente que se enquadra precisamente no lado político e
social a que aludimos. A falência de uns e/ou a incapacidade de outros, deixara
muita gente órfã perante perigos de diversa ordem, também no que toca à escolha
para próximo Presidente da República. Mas felizmente, como dissemos, ganhou-se,
a partir de anteontem, um caminho aberto, coerente, determinado e firme, como a
situação exige, no que toca ao desafio que se nos colocará no início do próximo
ano: apoiar e votar na candidatura do António Filipe à Presidência da
República.
O António não necessita de especial
reconhecimento em lado nenhum. Muito menos nas habituais colunas de jornal ou
nos espaços de comentário político. Aliás, o pior que lhe pode acontecer nesta
altura é vir a ser elogiado pelo regimento de comentadores de direita cujos
princípios, manhas e cartilhas ele sempre denunciou e combateu. Mas o que
sucede é que, ainda assim, o António está sujeito a que isso mesmo lhe
aconteça. Há quadros partidários que não precisam de medalhas, porque o
trabalho em si mesmo é a grande medalha. Não só não está ao alcance de qualquer
um atingir tal grau de prestígio dentro e fora do seu próprio partido, dentro
ou fora da sua área política e ideológica, como também, nos tempos que correm,
tal façanha é mais rara do que alguma vez foi. Nem tudo na política actual é
grunhido e o António Filipe é a melhor prova disso.
No PCP não temos por hábito, nem por missão de
qualquer espécie, tecer grandes loas pessoais ou individuais a qualquer
militante, que é e será sempre parte de um imenso colectivo, e também não é
aqui que o pretenderemos fazer. Só que tudo aquilo que parece elogio é, neste
caso, mera e racional constatação. Apesar da relevância e visibilidade do seu
trajecto, não há no António cedências ao palacianismo, ao divã das famas ou dos
escaparates. A todo tempo e em todas as funções, o António é um homem inteiro.
Inteiro na defesa da democracia e inteiro na capacidade de diálogo. Mas
igualmente e indiscutivelmente inteiro na posição inegociável da defesa de quem
menos tem e mais sofre.
O António Filipe nunca foi outra coisa que não um
democrata neste país. Mas sucede que este país já foi bastante mais democrático
do que aquilo que hoje é. O António Filipe nunca abandonou as traves mestras e
os princípios da justiça e da igualdade. Mas a sociedade em que vivemos nunca
as rejeitou nem vilipendiou tanto como nos tempos que correm. O António nunca
deixou de se bater pelo progresso e pela esperança convicta de dias melhores
para todos. Talvez nunca como hoje o país nos tenha mostrado tanta propensão
para o seu oposto: um país fechado e só para alguns. Por isso, o caminho a
tomar e o lado a escolher só pode ser este: reunir forças e apoiar a
candidatura do António. A candidatura daqueles que recusam a ameaça dos dias
negros. Porque ainda estamos a tempo.
(Ivo Rafael Silva, Manifesto74)
terça-feira, 29 de julho de 2025
O OUTRO
Nesta imagem da comunicação dita social e de referência, o “outro candidato” tem tamanha dimensão, que mesmo apagado de TODOS os canais televisivos, - “a televisão vende com igual eficácia um sabonete ou um Presidente da República” Emídio Rangel - não se encontra a mínima referência escrita, e muito menos qualquer imagem do “outro candidato” onde até as ‘sondagens’ são estropiadas “A alternativa comunista — que será António Filipe, mas que a sondagem testou com o nome de Paulo Raimundo — Expresso”
A perfídia está bem
montada, o “outro candidato” poderia ser interpretado como um qualquer outro,
acontece que António Filipe é, além dos três outros, o que foi oficialmente
apresentado pelo Partido que o apoia.
O resultado dessa pseudo sondagem causou-lhes tamanho susto que nos media não se encontra a mínima referência ao “outro candidato”.
António Filipe O meu compromisso com a causa do povo palestiniano vem de longe.
O meu compromisso com a causa do povo palestiniano vem de longe. Em 2002 fui recebido em Ramallah
por Yasser Arafat, num momento em que a Autoridade Palestiniana se encontrava
cercada nas suas instalações pelo exército israelita. A situação é hoje muito
mais grave e isso exige que redobremos a nossa solidariedade com este
martirizado povo.
Ninguém pode ficar indiferente
perante o genocídio do povo palestiniano às mãos do sionismo israelita. O mundo
não pode assistir impávido ao que se está a passar na Palestina. O assassínio
de milhares de pessoas, a condenação cruel e premeditada de um povo à morte
pela fome, pela sede e pela falta de assistência, é um crime imperdoável contra
a Humanidade.
O povo palestiniano está a ser
vítima de um genocídio perpetrado pelo Estado de Israel com o apoio dos Estados
Unidos e a cumplicidade da União Europeia. O apoio a este genocídio, por ação
ou por omissão, é uma tragédia moral que a História julgará.
O Estado Português não pode
continuar a ser cúmplice deste crime abominável e é fundamental que todos os
candidatos a Presidente da República se pronunciem com total clareza sobre esta
questão.
Pela minha parte, não tenho qualquer dúvida: Portugal deve reconhecer o Estado da Palestina, deve exigir o imediato cessar-fogo e a garantia de apoio humanitário sem restrições ao povo palestiniano, e deve exigir no plano diplomático o cumprimento das Resoluções das Nações Unidas que implicam o reconhecimento do Estado da Palestina com as fronteiras de 1967 e capital em Jerusalém Oriental.
sexta-feira, 25 de julho de 2025
Portugal conivente no crime
Após a votação na
Assembleia da República, Portugal continuará na lista da vergonha. A
proposta do PCP de reconhecer o Estado da Palestina foi rejeitada com os votos
contra do PSD, Chega, IL, CDS-PP e com a cobarde abstenção do PS. Fica
caracterizado que tais partidos são coniventes com o genocídio em curso
praticado pelos nazi-sionistas. Se outros méritos não tivesse, a proposta do
PCP obrigou os partidos reacionários a saírem do seu silêncio envergonhado e
mostrarem aquilo que são:
Cúmplices
de um crime continuado.
11/Julho/2025
domingo, 20 de julho de 2025
Os racistas andam por ai em roda livre
AGOSTO
A ciência revelou-nos o que já era óbvio:
Os Humanos não são divisíveis por raças.
Há no entanto uns menos humanos que outros:
Os racistas.
Agosto. Lisboa
é uma cidade sonolenta, aconchegada na modorra que o calor transporta. As ruas
estreitas são canais de frescura, veias onde circulam os que lhe mantêm a
tonicidade indispensável ao ritmo estival.
Hora de
almoço. Restaurantes e tascos de portas amordaçadas. No interior as cadeiras em
exercícios de equilíbrio fazem o pino sobre as mesas, cenários de abandono
cumprindo o calendário.
Aproveito as
sombras somíticas que o sol do meio-dia nos permite. A cidade repousa, respira
tranquilidade. O movimento é escasso. Sem pressas e muita curiosidade reparo na
toponímia: “Conde Barão”. Sorrio. Conde e Barão... Que exagero! “Poço dos
Negros”... Para quando a “Fonte dos Negros”? Pensei, matreiro, satisfeito pela
ideia prenhe de malícia.
O olfato
guia-me não sei bem para onde; misturado com o podre das sarjetas chega um odor
a peixe grelhado, sigo o filão, o cheiro encorpa, a curiosidade e a imaginação
fundem-se em apetite, a mensagem vai-se tornando clara, começo a aperceber-me
do tipo de pescado que me espera, mais uma ruela, ainda outra... e um recanto
de cenário tipicamente alfacinha surge sem surpresa. No braseiro, à entrada da
tasca, carapaus e sardinhas mostram-se fumegantes oferecendo-se a quem passa.
Cortadas a
meio pelo sol que faz fronteira com a sombra que o afasta, quatro pequenas
mesas alinhadas com o assador confundem-se com a parede.
O lugar é
tranquilo, a frescura do peixe faz alarde. Aproveito a meia sombra de uma das
mesas. Sento-me.
A higiénica e
proletária toalha e guardanapo de papel não demoram, o simpático galheteiro não
se faz esperar. E neste vai e vem do empregado, pronuncio: Carapaus.
Sóbrio e
preciso, o breve monólogo ajustava-se à simplicidade do estabelecimento, além
do mais não me apetecia falar, predisposto que estava a usufruir da
oportunidade que a cidade me oferecia neste singular dia de Agosto.
Numa das
restantes mesas três operários comiam mansamente. Junto deles uma mulher
falava, falava, falava. Mansamente os homens continuavam a comer esboçando um
sorriso de vez enquando.
Não longe de
mim, os carapaus rechinavam na grelha deixando cair gotas de gordura como que
dizendo: vais gostar!
Entretanto a
mulher continuava a pregar. Entretido que estava com o meu peixe e de apetite
em crescendo, desejoso de um repasto calmo, só dava pelo som agudo da sua voz
que me começava a enfadar.
Falava dos
pretos. Olhei-a, tinha os olhos em mim, e quando se apercebeu que nela reparei
subiu o tom de voz, ganindo: pretos. E sorrio-me. Os operários enlevados
chupavam as cabeças dos peixes que sublinhavam com um gole de tinto. Gente que
sabe misturar sabores.
O sol teimava
em não me libertar a mesa, os carapaus faziam-me negaças e não se despachavam,
e a mulher, porque os três homens não lhe davam troco, virava para mim o
discurso racista: os pretos, os pretos, os pretos.
Os meus olhos
azuis num rosto branco, agora certamente lívido, tomaram-na por alvo.
“Também sou
racista!” disse. A mulher devolveu-me de imediato um jubiloso sorriso de
reconhecimento. E não lhe dando tempo de maior euforia, continuei firme, seco:
“Não posso com os brancos!”.
Toda a
expressão de alegria transfigurou-se numa metamorfose súbita, dando lugar a um
semblante amorfo onde o espanto e a perplexidade se confundiam. Fixava-me e não
entendia, havia algo que a ultrapassava, não estava ouvindo bem ou não
enxergava de feição.
E para que não
lhe restassem dúvidas, repeti de modo compassado e agressivo: “Não posso com os
brancos, ouviu bem!? E sabe porquê? Porque são os únicos que me têm lixado a
vida.”
A catarse
resultou, acalmei. Os carapaus impecavelmente grelhados apresentaram-se-me
alinhados, enfeitados com um raminho de salsa. Era carapau do branco,
branquinho como eu. Não gosto do carapau negrão, prefiro o chicharro.
Já
bem-humorado ia degustando deliciado esta refeição tão nossa, e repetia para
comigo: Só os brancos me têm lixado, é certo, porque todos os outros não têm
tido essa oportunidade.
Quando dei uma
espreitadela para o lado, os homens já bebiam o café e a mulher eclipsara-se.
O vírus do
racismo é assim, sempre presente, mantêm-se latente em todos os locais,
intervêm se nos apanha desprevenidos, e prolifera rapidamente se lho permitem,
atingindo por vezes o grau epidémico.
sexta-feira, 18 de julho de 2025
Israel assiste ao espetáculo da morte em Gaza
Ver mais aqui»»
La Mort en spectacle qu’Israël regarde à Gaza ! - Investig'action
A Faixa de Gaza é transformada em
espetáculo direto, observado de plataformas erguidas para esse fim no lado
israelense da fronteira.
Essas plataformas, instaladas nas colinas
com vista para Gaza, tornaram-se um destino frequentado por muitos israelenses
– civis, estudantes e até visitantes estrangeiros – que vieram testemunhar o
bombardeio e a destruição de Gaza, como se fosse um "show ao vivo"
visualmente consumado, sem levar em conta as vítimas ou o sofrimento por trás
das imagens.
quinta-feira, 17 de julho de 2025
O nazisionismo no seu esplendor
ONU condena assassinato por "Israel" de 900 moradores de Gaza em busca de comida
Publicado:17 de julho de 2025
O Escritório do Alto Comissariado das
Nações Unidas para os Direitos Humanos condenou na terça-feira o assassinato de
cerca de 900 moradores de Gaza que procuravam comida nas últimas semanas.
Segundo a agência, o incidente mais recente desse tipo ocorreu
no dia anterior, quando o "exército israelense" bombardeou e atirou
em palestinos que esperavam por comida no noroeste de Rafah.
O porta-voz do Escritório, Thameen Al-Kheetan, explicou que, do
total mencionado, 674 civis morreram nas proximidades dos centros da chamada
Fundação Humanitária de Gaza, uma organização privada dirigida pelos Estados
Unidos e "Israel" que contorna as operações ordinárias.
Outras 200 pessoas perderam a vida enquanto procuravam comida
nas rotas do comboio de ajuda ou perto delas, disse ele.
Em um comunicado, as Nações Unidas disseram que "os
assassinatos relacionados aos controversos centros apoiados pelos EUA e
'Israel'" começaram logo após o início das operações no sul de Gaza em 27
de maio, ignorando a ONU e outras organizações não-governamentais
estabelecidas".
Os ataques israelenses em toda a Faixa de Gaza continuam. Mais
de 90 palestinos, incluindo dezenas de mulheres e crianças, foram mortos
durante a noite e terça-feira, de acordo com autoridades de saúde locais, disse
a agência.
Separadamente, a Agência Palestina de Refugiados (UNRWA)
expressou profunda preocupação com a contínua matança de civis que tentam
acessar alimentos, enquanto a desnutrição mortal está se espalhando entre as
crianças.
A diretora de comunicações da UNRWA, Juliette Touma, insistiu
que o bloqueio quase total de Israel a Gaza levou à morte de bebês devido aos
efeitos da desnutrição aguda grave.
Há mais de quatro meses que não conseguimos levar ajuda
humanitária a Gaza. Temos seis mil camiões esperando em alguns lugares, como
o Egito. Medicamentos e alimentos expirarão em breve se não conseguirmos levar
esses suprimentos às pessoas que mais precisam, incluindo um milhão de
crianças, disse ele.
Por sua vez, Al-Kheetan alertou para o aumento de
"homicídios, ataques e assédio de palestinos nas últimas semanas".
"Devemos lembrar que o direito internacional é muito claro
sobre este ponto em relação às obrigações da potência ocupante. Provocar
mudanças demográficas permanentes no território ocupado pode equivaler a um
crime de guerra e limpeza étnica", disse ele.
Prensa Latina / Al Manar
quarta-feira, 16 de julho de 2025
A verdade sobre a mentira
A mentira não é apenas um erro ou uma fraqueza moral: é uma ferramenta sistémica de dominação. É a matéria-prima de muitas “verdades” oficiais. É uma metodologia semiótica que, bem manejada, produz obediência, resignação, consenso.
História Universal das Mentiras.
Por Fernando Buen Abad.
Mentir não é apenas falar
falsamente, mentir é construir sistemas. Mentir serviu até mesmo para fundar
impérios. Mentir é redigir constituições, fabricar credos, imprimir notas,
assinar tratados e divulgar notícias.
A mentira não é apenas um erro ou
uma fraqueza moral: é uma ferramenta sistêmica de dominação. É a matéria-prima
de muitas “verdades” oficiais. É uma metodologia semiótica que, bem manejada,
produz obediência, resignação, consenso. Por isso, é urgente escrever uma
História Universal das Mentiras que não seja apenas uma cronologia de
falsificações, mas uma crítica radical dos dispositivos simbólicos com os quais
a mentira se tornou poder.
É preciso dizer claramente: a
mentira tem sido sistematicamente utilizada pelas classes dominantes como um
modo de produção ideológica. E foi imposta não apenas com palavras, mas com
imagens, gestos, silêncios. A mentira é multimodal, multissensorial e multidimensional.
Tem gramática, tem sintaxe, tem economia política. Não se trata de erros ou
deslizes: trata-se de uma maquinaria. Desde os papiros egípcios até as fake
news algoritmizadas, a mentira ocupou o centro da cena semiótica. Ela se
transformou com o passar do tempo, mas não deixou de cumprir sua função:
ocultar a exploração, desmobilizar a crítica, reescrever a história e
glorificar os carrascos. Quem mentiu mais e com mais impunidade do que os
vencedores?
Toda mentira poderosa precisa de
uma legitimação narrativa. E para isso existem as mentiras fundacionais. No
fundo de cada império bate uma grande farsa que lhe dá sentido e prestígio: o
“povo escolhido”, a “missão civilizadora”, a “mão invisível do mercado”, o
“destino manifesto”, o “sonho americano”… são todas variantes da mesma lógica
semiótica: produzir ficções eficazes. A invasão da América foi uma mentira com
tinta de códice. Não foi descoberta, foi invasão. Não foi encontro de culturas,
foi genocídio. No entanto, a escola, os livros e as datas patrióticas insistem
em narrá-la com o perfume rançoso da epopeia. Que semiótica legitima que um
saque seja celebrado como um avanço da humanidade? A semiótica da falsidade.
Da mesma forma, a história da
modernidade capitalista é uma história de mistificações. Liberdade, igualdade,
fraternidade… mas somente para a burguesia. O “progresso” industrial construiu
impérios às custas da miséria dos trabalhadores. A democracia representativa
institucionalizou a plutocracia. O liberalismo económico se apresentou como
emancipador enquanto consolidava novos jugos. Mentir é construir narrativas com
efeitos materiais. Quando a história é escrita pelos vencedores, a mentira se
torna lenda. O capitalismo não produz somente mercadorias: produz signos.
Produz ideologia. Produz significados. E nesse processo, a mentira desempenha
um papel central. Não se mente apenas nos discursos políticos, também se mente
nos rótulos, nas propagandas, nas pesquisas, nas manchetes, nos algoritmos, nos
dados supostamente neutros. Todo um sistema de fabricação de falsidade
camuflada de objetividade.
Sua economia política da mentira
requer analisar quem a produz, como ela circula, a quem beneficia e como se
naturaliza. Mentir, nesse contexto, é fabricar sentido à medida do capital. E
isso não é uma metáfora: é um modelo de negócio. Basta ver como operam os
grandes meios de comunicação, as plataformas digitais, as consultorias de
imagem e as fábricas de bots. Eles não mentem por engano, mentem por design.
A mentira, assim, se torna indústria. E essa indústria tem nome: indústria
cultural, indústria mediática, indústria da ignorância. Walter Benjamin já
antecipou: quando a barbárie se torna cultura oficial, a mentira se torna
património.
De uma perspetiva semiótica
crítica, a mentira não é uma palavra isolada nem uma afirmação equivocada. É
uma estrutura de sentido falsificado, sustentada por aparatos de produção
simbólica. Podemos identificar pelo menos cinco operações semióticas típicas da
falsidade sistémica: inversão projetiva: consiste em acusar o outro do que o
próprio mentiroso faz. Exemplo: as potências imperialistas que acusam os países
soberanos de ditaduras, enquanto impõem guerras, bloqueios e
assassinatos. Eufemização: camuflar a violência com palavras suaves.
Exemplo: chamar massacres de “danos colaterais”. Descontextualização:
pegar factos reais e apresentá-los fora de seu contexto para manipular seu
sentido. Omissão seletiva: mentir pelo que se cala, pelo que não se
mostra. Repetição hipnótica: instalar uma mentira como verdade por simples
repetição.
Hoje não estamos diante de uma
decadência da verdade, mas diante de uma mutação do regime da falsidade. A
chamada “pós-verdade” não significa que a verdade morreu, mas que a mentira se
aperfeiçoou. Ela mudou de forma e velocidade. Adaptou-se ao ritmo das redes, à
estética dos memes, ao formato dos aplicativos. A mentira contemporânea é
acelerada, viral, segmentada e lucrativa. A pós-verdade é a fase digital do
sistema de falsidades do capitalismo. Já não é necessário que uma mentira seja
crível: basta que reforce uma emoção. O ódio, o medo, o desprezo… são os
vetores afetivos da falsidade. E os laboratórios do capitalismo sabem disso. É
por isso que investem milhões em estudar o comportamento do público, em
projetar campanhas de manipulação emocional, em automatizar a mentira com
inteligência artificial.
Exemplos? As “armas de destruição
em massa” no Iraque. As “crises humanitárias” na Venezuela. O “narcoestado”
como forma de criminalizar projetos soberanos na América Latina. Todas mentiras
com função estratégica: justificar a intervenção, enfraquecer a organização,
semear a desesperança. Diante da mentira sistémica, a crítica semiótica não
pode se limitar a denunciar erros. Deve desmascarar estruturas. Deve revelar os
interesses por trás das palavras. Deve construir uma pedagogia da suspeita, mas
também uma pedagogia da verdade popular. A verdade não é neutra. É um campo de
disputa. Uma trincheira. Uma batalha de classes. Fidel dizia: “A verdade deve
ser dita, mesmo que doa”. Gramsci dizia: “A verdade é sempre revolucionária”.
Lenin dizia: “A coisa mais revolucionária que se pode fazer é dizer a verdade”.
E AMLO diz: “A mentira é reacionária, a verdade é revolucionária”.
terça-feira, 15 de julho de 2025
O Netanyahu de Loures
A Conferência de Bogotá : salvar a Palestina
Esta semana mais de 25 estados de todo o mundo
reúnem-se em Bogotá, Colômbia, para uma "conferência de emergência"
para impedir o genocídio de Gaza: a resposta multilateral mais ambiciosa desde
que Israel lançou a sua campanha devastadora há dois anos.
A Conferência de Bogotá entrará para a história
como o momento em que os Estados finalmente se levantaram para fazer a coisa
certa, declarou Francesca Albanese, que chamou a formação do Grupo de Haia de
"o desenvolvimento político mais importante dos últimos 20 meses". É
uma honra para mim, viajar a Bogotá para apoiar o Grupo de Haia e a sua busca
por justiça e paz."
A conferência foi convocada conjuntamente pela
Colômbia e pela África do Sul, copresidentes do Grupo de Haia.
A conferência culminará em 16 de Julho com uma
mobilização em massa na Praça Bolívar.
(Fonte: Olinda Peixoto / Facebook - Associação de Amizade Suécia-Cuba
sábado, 12 de julho de 2025
O COISO e o "jornalismo" provocatório
O
Major-general Carlos Branco e o Major-general Agostinho Costa quando vão
enfrentar o rosnar deste bulldog, não deviam só levar paciência ou arma de
fogo, deviam levar trela e açaime (O uso de açaime pode ser obrigatório por
lei para certas raças ou em situações específicas).
Os
media, estão abrindo a sua vala-comum, a decadência em que se encontram
reflete o desespero frente a um novo mundo que desabrocha e, os seus mandaretes
agem como qualquer mastim sob reflexos condicionados.
O
rosnar é cada vez mais forte e frequente!
sexta-feira, 11 de julho de 2025
DOS JORNAIS, sem lágrimas
Nos media tudo isto se tornou comum, a sensibilidade esmorecesse como se o crime não passasse de uma banalidade; o humanismo vai desfalecendo com mesma naturalidade com que se assiste ao genocídio em Gaza.
Público - 11 Jul 2025
Dez
crianças morrem enquanto esperavam por comida
As Forças de
Israel atacaram um grupo de pessoas na cidade de Deir al-Balah, no centro de
Gaza, quando esperavam numa fila para receberem suplementos alimentares
infantis.
O jornal
israelita Haarezt diz que morreram 16 pessoas e dez eram crianças. Citando o
Ministério da Saúde do Hamas, o jornal refere que se tratava de civis
desarmados à espera junto a um posto médico e que algumas das crianças eram
“muito jovens”
Noutros ataques em Gaza, morreram mais dez
pessoas, elevando o total de mortos de ontem para 26.
No ataque a um café à beira-mar, na semana
passada, as forças israelitas dizem ter visado um militante do Hamas, mas as
explosões acabaram por matar cerca de 30 pessoas, incluindo várias crianças e
jovens.
quinta-feira, 10 de julho de 2025
O vómito do monstro
EUA sancionam Francesca Albanese por denunciar que genocídio sionista em Gaza enriquece o Ocidente.
Publicado: 10 de julho de 2025
Informamos há alguns dias que a relatora especial do Conselho de Direitos Humanos da
ONU, Francesca Albanese, denunciou os negócios que os Estados Unidos e Israel
fazem com o genocídio sionista contra o povo palestino. Bem, depois de mostrar
seu desconforto com o relatório de Albanese, eles não demoraram muito para
sancioná-la.
Foi o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, quem anunciou em 9 de
julho que Washington o sancionou por sua "campanha de guerra política e
económica contra os Estados Unidos e Israel".
Rubio colocou desta forma: "Hoje imponho sanções à relatora especial
do Conselho de Direitos Humanos da ONU, Francesca Albanese, por seus esforços
ilegítimos e vergonhosos para pressionar por uma ação [do Tribunal Penal
Internacional] contra autoridades, empresas e executivos americanos e
israelenses".
E acrescentou, ele é um fascista ianque, que "os Estados Unidos
continuarão a tomar as medidas que considerarmos necessárias para responder à
guerra legal e proteger nossa soberania e a de nossos aliados".
Em seu relatório de 27 páginas, Francesca Albanese enfatizou que
"enquanto a vida em Gaza está sendo destruída e a Cisjordânia está sob
ataque crescente, este relatório mostra por que o genocídio de Israel continua:
porque é lucrativo para muitos".
É evidente que recordar aqueles que lucram com a destruição da Palestina e o assassínio em massa de uma grande parte do seu povo é bastante desconfortável para os recordar a verdade.